Papel dos profissionais do Sistema foi destaque em mesa redonda virtual
Com uma mesa redonda transmitida por duas horas pelo canal do Confea no YouTube na quarta-feira, 28 de outubro, a Coordenadoria das Câmaras Especializadas de Geologia e Engenharia de Minas – CCEGM encerrou um encontro de três dias, todo realizado por videoconferência, discutindo a gestão de riscos e desastres e o papel dos profissionais do Sistema.
Mediada pelo coordenador nacional da CCEGM, Geol. Caiubi Kuhn (foto acima), a mesa redonda teve a participação dos geólogos paulistas Eduardo Soares de Macedo, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT-SP, e Ronaldo Malheiros Figueira, coordenador do Câmara Especializada de Geologia e Engenharia de Minas – CAGE do Crea-SP, além dos coordenadores desses colegiados em outros estados.
“Viver nas cidades implica estar cercado de riscos o tempo todo. A pandemia do Covid-19 que vivemos hoje é o maior risco que tivemos no planeta nos últimos 100 anos. É a junção de uma determinada ameaça aos danos que ela pode causar à sociedade em geral”, disse Macedo.
O geólogo ressaltou a necessidade de se criar uma cultura de risco. “Só lembramos disso quando temos problemas e aí começamos a buscar soluções. Somos bons em atender desastres, mas deveríamos ser bons em evitá-los, ou seja, na gestão dos riscos. Estamos buscando resolver isso com o nosso trabalho”, disse.
Macedo (acima) destacou pontos como o “mapeamento de riscos para fazer planejamento urbano, fiscalização, recuperação das áreas de riscos, urbanização de favelas e também educação dos moradores para ter uma boa ocupação dos espaços”.
Segundo o geólogo, o papel que cabe aos municípios conforme dita a Lei 12.608/2012, que instituiu a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, acaba não sendo exercido a contento “por falta de recursos financeiros e de uma equipe técnica robusta, sem profissionais do nosso Sistema e de outras áreas”.
O pesquisador do IPT ressaltou ainda a importância de exercer uma fiscalização para que as prefeituras tenham as pessoas corretas em seus postos. “Quem faz os mapeamentos? Quem cuida da reurbanização? A quem cabem os atendimentos de emergência? Isso sempre envolve geólogos, engenheiros, geógrafos, geofísicos, tecnólogos… No caso das barragens de rejeitos, como tivemos os exemplos recentes de Brumadinho e Mariana – e mais de 700 barragens em Minas Gerais que podem dar problemas – isso envolve também os engenheiros de minas. Ou seja: nossa turma toda envolvida na história da gestão de riscos”, disse.
Cooperação técnica com o MDR
Iniciativa nascida em São Paulo, o recém-assinado acordo de cooperação técnica do Confea com o Ministério do Desenvolvimento Regional – MDR, que tem foco direto na questão da defesa civil, foi destaque durante a mesa redonda.
O acordo tem como objetivo estabelecer protocolos de atuação conjunta permanente, de forma a contribuir para a redução dos riscos e a melhoria da gestão dos desastres naturais e tecnológicos por meio do compartilhamento de informações e da adoção de medidas com o propósito de garantir a proteção civil, a ordem pública e a segurança da população.
Além de promover a integração entre o sistema profissional e os órgãos de proteção e defesa civil, o acordo fortalece a atuação do Sistema Confea Crea “fora de seus muros” e valoriza os profissionais da área tecnológica no processo de gestão de riscos e desastres, promovendo a implantação do processo de gestão do assunto nos municípios. “Com a ampliação das ações fiscalizatórias, objetivamos uma melhoria na eficácia da gestão de riscos e desastres”, destacou Malheiros (foto acima).
Com vigência de três anos, o acordo assinado em setembro último começou a ser delineado em 2016, considerando a importância de envolver o sistema profissional no trabalho de defesa civil, “não apenas naquilo que já faz parte da rotina das nossas atividades. Por que o Sistema não atua antes; só aparece depois que acontece o problema? Temos que inverter essa ordem”, ressaltou Malheiros.
Segundo o coordenador do colegiado paulista, os grandes executores do plano serão os municípios e os Creas regionais e, para o seu sucesso, é fundamental fortalecer a gestão de riscos em âmbito municipal.
“O município tem que mudar o seu foco na gestão dessas questões. Na Capital, por exemplo, toda a gestão de riscos e desastres está nas mãos da Defesa Civil. Precisamos quebrar esse paradigma de correr atrás de prejuízos e procurar culpados, mudar esse olhar. Não enxergar esse problema somente sob a ótica do desastre.”, disse.
Malheiros destacou ainda a importância da comunicação para todo o processo. “Ao dar publicidade a esse trabalho, despertamos nos profissionais o olhar para a sua participação e a possibilidade de se engajar, o que também implica em ações nossas que promovam a engenharia social”, disse, lembrando que “sem a possibilidade de fazer essas reuniões por
videoconferência, certamente esse acordo não estaria assinado. Isso agilizou os trâmites e economizou recursos do Sistema”.
Na conclusão, o coordenador da CCEGM disse: “Ficou clara a necessidade de termos no Brasil uma gestão pública mais eficiente, que inclua uma gestão de risco preventiva. É um desafio e isso não tem como ser feito sem a participação dos nossos profissionais em iniciativas como essa, que ajudam a evitar perdas de vidas”.
Produzido pelo Departamento de Comunicação do Crea-SP
Reportagem: Jornalista Perácio de Melo (DCOM/SUPGES)
Colaboração: Estagiário Vinicius Sarcetta